sexta-feira, 26 de outubro de 2018

[0334] Um monumento, um poema (3) FLORBELA ESPANCA, Coimbra

Têm sido feitas diversas homenagens escultóricas públicas à poetisa alentejana de "Charneca em Flor", cuja biografia (ver AQUI) é por demais conhecida. Évora (a primeira), Vila Viçosa (sua terra natal), Oeiras, Matosinhos... e Coimbra, pela qual começamos. Trata-se de uma iniciativa do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro, presidida então por Mário Nunes e foi erigido no Parque Dr. Manuel Braga, com inauguração a 8 de Dezembro (dia e mês do suicídio da poetisa) de 1994. Em pedra de Ançã, a peça é da autoria do escultor galego Armando Martinez (ver AQUI). O conjunto estilizado das duas figuras simboliza a poetisa e a sua obra.



TARDE NO MAR

A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...

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