sábado, 22 de setembro de 2018

[0174] Agostinho Neto, o poeta presidente













Nascido em Kaxicane, Angola, em 1992 e falecido em Moscovo em 1979, foi médico, poeta e o primeiro Presidente da República de Angola, António Agostinho Neto. Filho de um pastor protestante, estudou Medicina em Coimbra, onde foi um dos fundadores da secção da Casa dos Estudantes do Império. Durante o período salazarista e ligado ao Partido Comunista Português, foi preso pela PIDE por diversas vezes. Fora (com Amílcar Cabral, Mário Pinto de Andrade e outros) fundador do Centro de Estudos Africanos, em Lisboa. Libertado das masmorras coloniais em 1957, regressou a Angola em 1959 onde foi novamente detido em 1960 e se tornou presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola. Deportado para o Algarve, foi depois internado no campo de Tarrafal em Cabo Verde, depois colocado em residência fixa em Portugal, de onde fugiu para o exílio, em Kinxassa. Entrou em choque com outros importantes nacionalistas, como Viriato da Cruz e Matias Miguéis (este foi assassinado). Obtida a independência de Angola, foi designado seu Presidente da República em 1975. Foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz, também em 1975.

HAVEMOS DE VOLTAR

Às casa, às nossas lavras,
às praias, aos nossos campos
havemos de voltar

Às nossas terras
vermelhas de café,
brancas de algodão,
verdes dos milheirais
havemos de voltar

Às nossas minas de diamantes,
ouro, cobre, de petróleo
havemos de voltar

Aos nossos rios, nossos lagos,
às montanhas, às florestas
havemos de voltar

À frescura da mulemba,
às nossas tradições,
aos ritmos e às fogueiras
havemos de voltar

À marimba e ao quissange,
ao nosso carnaval
havemos de voltar

À bela pátria angolana
nossa terra, nossa mãe
havemos de voltar

Havemos de voltar
à Angola libertada,
Angola independente

1 comentário:

  1. Estes versos transportam-me para Angola, que eu conheci na verdura dos meus 20 e poucos anos. Voltar aos "ritmos e às fogueiras"

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