sábado, 22 de setembro de 2018

[0169] Sophia de Mello Breyner Andresen, o clarim da revolução














Nasceu no Porto em 1919 e faleceu em Lisboa em 2004. Contista, escritora de livros infantis e poeta de ascendência dinamarquesa, é um ícone da literatura portuguesa. 

Criada numa família de tradição aristocrática, integrou a oposição católica liberal ao salazarismo. 

Recebeu o Grande Prémio da Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores em 1964 e obteve Prémio Camões em 1999, Prémio Rainha Sofia em 2003.


APESAR DAS RUÍNAS

Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.


REVOLUÇÃO

Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício

Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação


25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.

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